Vamos falar um pouco sobre as utilizações da Hipnose que podem auxiliar a população.
Recentemente tenho ouvido falar, (e muito), em “Dor Crônica”, “Enxaqueca” e etc.
Segundo alguns sites e médicos, a dor crônica pode atingir até um terço da população, como veremos a seguir.
Mas o que podemos fazer para evitar e/ou remediar esta situação?
“Uma dor aqui, outra ali e você não aguenta mais ir à farmácia ou no médico. Será que ficar hipnotizado resolve o problema?”
“Alguns estudos apontam que a hipnose pode ser um método eficiente no tratamento da dor e, em alguns casos, na redução das doses de medicamentos”.
Uma solução que se apresenta é a Hipnose. Além de ser facilmente aplicada, não tem contraindicação e também não produz os temidos efeitos colaterais que os medicamentos costumam causar.
Primeiro, vamos entender um pouco mais sobre a dor crônica, para então passarmos ao tratamento hipnoterápico.
Dor Crônica
Cerca de um terço da população apresentará algum tipo de dor crônica durante a vida. À medida que vivemos mais, cresce o número de pessoas com dores na coluna, articulações, doenças reumáticas, câncer, degenerações ou inflamações nos órgãos internos e outros problemas que podem provocar dores crônicas.
Dor é uma sensação que surge quando há ameaça de dano aos tecidos. Senti-la é fundamental para manter a integridade do organismo. Doenças que alteram a sensibilidade estão associadas ao aparecimento de traumatismos e ferimentos imperceptíveis. É o caso das ulcerações que costumam surgir nos pés dos diabéticos portadores de neuropatias nos membros inferiores, por exemplo.
Quando um tecido é traumatizado ocorre liberação local de substâncias químicas, imediatamente detectadas pelas terminações nervosas. Estas disparam um impulso elétrico que corre até a parte posterior da medula espinal. Nessa região, um grupo especial de neurônios se encarrega de transmiti-lo para o córtex cerebral, área responsável pela cognição. Aí o impulso será percebido, localizado e interpretado.
Para se ter uma ideia da velocidade de transmissão do impulso elétrico, é só pensar no tempo decorrido entre encostarmos a mão num objeto quente e nos afastarmos dele.
Esse circuito complexo de fibras nervosas que conduzem o sinal está associado à liberação de mediadores químicos, responsáveis pela sintonia fina do mecanismo da dor. De um lado, o organismo precisa da dor para defender-se, mas o processo não pode ser perpetuado.
Com a finalidade de impedir que a dor persista mais tempo do que o necessário, os sinais que chegam ao cérebro e se tornam conscientes vão estimular a liberação de substâncias chamadas endorfinas (por sua semelhança à morfina) e encefalinas, que inibem a propagação do impulso elétrico.
O mecanismo de inibição da dor é tão importante para a sobrevivência do organismo, quanto o circuito responsável pela percepção dela. Se não fosse ele, a dor de um pequeno corte persistiria enquanto durasse o processo de cicatrização.
Dores crônicas podem ser devidas tanto a desordens do sistema responsável pela percepção quanto da inibição da dor. A fibromialgia, por exemplo, uma doença debilitante causadora de dores musculares crônicas muitas vezes não diagnosticadas pelos médicos, é tida hoje como consequente a um desarranjo nos mecanismos de inibição da dor.
É um erro considerar a dor crônica como uma versão prolongada da aguda. Quando os sinais de dor são gerados repetidamente, os circuitos neurológicos sofrem alterações eletroquímicas que os tornam hipersensíveis aos estímulos e mais resistentes aos mecanismos inibitórios da dor. Disso resulta uma espécie de memória dolorosa guardada na medula espinal.
Estudos recentes têm demonstrado que essa memória dolorosa está ligada a mediadores químicos muito semelhantes aos envolvidos no processo intelectual de memorização.
O conhecimento detalhado desses mediadores levará à descoberta de analgésicos mais potentes e com menos efeitos colaterais.
Os circuitos nervosos responsáveis pela dor crônica são tão diferentes daqueles associados à dor aguda, que muitos autores propõem nomes diferentes para caracterizar os dois processos: eudinia para as dores agudas e maledinia para as crônicas.
Dor crônica é uma doença debilitante com consequências nefastas para a condição física, psicológica e o comportamento. Seus portadores desenvolvem depressão, deficiências psicomotoras, lembranças e sensações de perda que muitas vezes guardam pouca relação com o quadro doloroso.
Tais sintomas costumam ser interpretados como característicos de patologias psiquiátricas, quando na verdade refletem apenas a semelhança que existe entre dor e memória.
Fonte: Dr. Drausio Varella
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Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é a dor crônica e como ela é percebida, vejamos como a hipnose pode ajudar em quadros de dor crônica.
Hipnose no Controle da Dor Crônica
A hipnose pode ser aplicada de diferentes formas e em diferentes casos clínicos. A aplicação mais surpreendente, a meu ver, é quando utilizamos a hipnose em pacientes com dor crônica. A cada sessão pode ser constatado a evolução do tratamento, não apenas através do discurso do paciente, mas no seu modo de falar, agir e pela expressão de alívio.
A hipnose desencadeia uma série de estímulos dentro do organismo humano, que produz resultados positivos dentro de cada objetivo traçado.
A seguir, segue toda uma explicação de como a hipnose pode ser utilizada no controle da dor crônica, e a maneira como age no organismo.
Dor Crônica
É uma dor estável e que não regride automaticamente.
A pessoa com dor crônica guarda em sua memória a experiência da dor que contribui para voltar a senti-la, expandi-la e torná-la facilmente ativada.
Segundo Erickson: dor é uma estrutura complexa, composta da dor passada lembrada, da experiência presente da dor e da antecipada dor futura; e que a dor imediata é antecipada pela dor passada e realçada pelas futuras possibilidades de dor.
Geralmente, quando se trata os transtornos psicológicos do paciente que apresenta a dor crônica, eles podem perceber o alívio da dor.
Fatores que Podem Ativar a Dor Crônica
Criar crenças em relação à dor como sendo sinal de transtorno físico, fazendo com que o paciente se sinta incapacitado. O tratamento específico seria ressignificar essa dor.
Somatização e amplificação somatosensorial estão associados com dor crônica e com experiência de experimentar altos níveis de dor.
Fatores de aprendizado ou operacionais como reforço social sob a forma de compensação pelo desemprego ou atenção de uma pessoa solícita, muitas vezes mantém o comportamento em pessoas com dor crônica para muito depois de a lesão ter sido curada.
Desativação, proteção e mudanças nos mecanismos do corpo pelo menos em parte mantém a dor crônica. Portanto, o tratamento de uma pessoa com dor crônica é multidisciplinar e a hipnose é coadjuvante.
É no cérebro onde se realiza a verdadeira interpretação das sensações. A dor como conhecemos é em grande parte o resultado do que pensamos sobre ela. O medo e a ansiedade relacionados com a dor crônica podem acentuar a experiência de dor, pois está relacionado com o sistema afetivo-emocional e a resposta ao estresse.
Efeitos da Hipnose em Relação a Dor
Por ser uma mobilidade que demanda atenção, a dor modifica a habilidade de uma pessoa focalizar uma atenção. Ao desviar a atenção para outro estímulo sensorial, como visual, auditivo e o tátil, o indivíduo pode perceber a dor como menos intensa, apesar de prevalecer a sensação da dor.
A hipnose pode aliviar a dor imediatamente, e o alívio ser mantido por horas, dias, semanas e até permanentemente. Também se pode desconectar a região interprete que sente o desagradável da dor, apesar de continuar percebendo o local.
Essa é uma das várias possibilidades de utilização da hipnose, onde se comprova a influencia da mente em relação ao corpo, direcionando os pensamentos para o bem-estar e o conforto físico e mental, em um trabalho que pode ser direcionado para diferentes diagnósticos.
Assim como um medicamento que é capaz de produzir diferentes reações em cada indivíduo, a Hipnose é capaz de produzir diferentes impactos, e os resultados dependem da confiança do paciente no profissional que o atende, no tratamento e principalmente em si mesmo.
Fontes: CTP Rio | Psicologia e Hipnose
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Hipnose e Dor
“A hipnose é um fenômeno de pensamento, uma alucinação positiva em que o paciente irá visualizar algo que não existe”, explica o hipnoterapeuta e presidente do Instituto Milton H. Erickson de Hipnoterapia Educativa de São Paulo. “Se ele sofre com dores motivadas por uma queimadura, por exemplo, vai se imaginar em um lugar frio e a sensação de frescor”, acrescenta. Segundo Bayard Galvão, a hipnose no tratamento da dor também é benéfica porque pode provocar a redução dos níveis de anestésicos e analgésicos, atuando como coadjuvante nos quadros clínicos que exigem prescrição de medicamentos.
Uma pesquisa recente realizada por cientistas da Escola de Medicina Monte Sinai, nos Estados Unidos, apontou que mulheres que passaram por uma cirurgia de câncer de mama utilizaram menos anestesias durante a operação, quando foram previamente submetidas por um processo hipnótico. Elas também relataram menos efeitos colaterais, tais como dor, náuseas, fadiga e estresse emocional, no pós-cirúrgico. As participantes do estudo receberam 15 minutos de hipnose ou apenas uma conversa com um psicólogo antes de sua cirurgia.
Elas foram instruídas com sugestões de relaxamento, como mentalizar imagens agradáveis, e instruções sobre como usar a hipnose em si. De acordo com Bayard Galvão, a ideia do tratamento é trabalhar sensações corporais opostas à sensação da dor, que pode ser desde uma cefaleia até uma dor crônica motivada por um câncer. “A hipnoanalgesia, que é o estado de dormência provocado pelo método, pode ter diferentes níveis e intensidades”, salienta. Além de curar e amenizar dores, outra aplicação do tratamento é para eliminar a memória da dor.
“Quando existe uma lesão que já foi curada, mas a dor permanece em razão da repetição dela durante dias, provocando uma rede neural gerada por esse estímulo”, diz Galvão. A única contraindicação para a hipnose é tratar a dor sem saber a sua causa real. “Qual é a causa da dor? É a primeira questão a ser respondida em uma consulta”, afirma Bayard. “A dor pode ser o sintoma de uma doença que não foi descoberta, e não senti-la, pode camuflá-la”, alerta o especialista.
Fontes: Meio Norte
E a Enxaqueca, pode ser tratada pela Hipnose? Não só pode como deve!
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Hipnose no Tratamento da Enxaqueca
A enxaqueca é uma forma debilitante de dor. Muitas pessoas sofrem de enxaqueca. Vários gatilhos podem produzir o aparecimento de uma enxaqueca. No entanto, reduzir a chance de ocorrência de uma enxaqueca e livrar-se dela assim que esta ocorre, pode ser um desafio. Foram realizados estudos que mostram que a hipnoterapia pode ser bastante benéfica para quem sofre de enxaqueca. Em muitos estudos, a hipnose tem se mostrado mais benéfica do que medicamentos.
Gatilhos comuns da enxaqueca incluem alterações hormonais, estresse, alimentação, mudanças nos padrões de sono, medicamentos e mudanças no ambiente. Os sintomas da enxaqueca variam de pessoa para pessoa, mas muitas pessoas relatam uma dor pulsante de moderada a grave — que piora com atividade física, interferindo nas atividades do dia-a-dia — náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e/ou som, e às vezes experimentam auras. A enxaqueca pode durar de 4 a 72 horas, mas a frequência é muito variável.
Um estudo comparou o efeito da hipnoterapia com o efeito do medicamento proclorperazina (Stemetil). O estudo consistiu em 47 participantes que, uma vez por mês, durante um ano, responderam questionários. Eles informaram o número de ataques por mês, a gravidade dos ataques, e remissão completa. Os resultados do estudo mostraram que aqueles que receberam a hipnoterapia relataram um número bem menor de ataques de enxaqueca em comparação com aqueles que receberam a medicação. Dos 23 participantes que receberam a hipnoterapia, 10 deles deixaram de ser acometidos por enxaquecas. Dos 24 participantes que utilizaram a medicação, 3 deles deixaram de ser acometidos por enxaquecas.
Outro estudo relatou os benefícios da terapia comportamental. Estas abordagens incluem relaxamento, biofeedback, Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), e hipnose. A hipnose pode ajudar pacientes com enxaqueca a evitar os gatilhos, controlando o estresse e evitando certos alimentos, por exemplo.
Duas técnicas de hipnoterapia usadas no tratamento de enxaquecas incluem o aquecimento das mãos e a luva anestésica. Estas técnicas proporcionam àqueles que sofrem de enxaqueca o controle da dor, ajudando-os a transferir calor ou dormência ao local da dor. Estas técnicas demonstraram ser mais benéficas do que simples exercícios de relaxamento. Este estudo concluiu que o medicamento é ineficaz no tratamento da enxaqueca crônica e encoraja o tratamento psicológico, porque não existem efeitos colaterais.
Esses estudos mostram que a hipnoterapia e os métodos naturais de tratamento da enxaqueca são mais eficazes do que o uso de medicação. O fato de que a hipnose não tem efeitos colaterais e o fato de que muitos medicamentos apresentam muitos efeitos colaterais, faz com que a hipnoterapia seja uma abordagem mais natural e segura para o tratamento das enxaquecas. Além dos efeitos colaterais, muitos estudos têm mostrado que os efeitos da hipnose são mais duradouros e benéficos em relação ao uso de medicamentos.
Fontes: SBHH - Sociedade Brasileiro de Hipnose e Hipniatria
- Anderson, J.A., Basker, M.A., & Dalton, R. (1975). Migraine and hypnotherapy. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis, 23(1), 48-58.
- Heap, M. (1988). Hypnosis: Current clinical, experimental and forensic practices. Taylor & Francis.
- Sandor, P.S. & Afra, J. (2007). Nonpharmacologic treatment of migraine. Current Pain and Headache Reports, 9(3), 202-205.
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Esses são alguns dos resultados das pesquisas que venho realizando para as utilizações efetivas da Hipnose.
E você, leitor, tem algo a acrescentar? Já utilizou a Hipnose para o tratamento de dores em geral? O que pensa a respeito desta utilização da Hipnose?
Utilize os comentários logo abaixo para descrever sua(s) experiência(s) com a hipnose para o controle da dor.
Atualizado em 2016/01/21