05 abril 2011

Como é o Transe Hipnótico… O que é isso?

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Introdução

GIF: Espiral girandoMuita gente me pergunta como é estar em transe hipnótico, uma dúvida que, (creio eu), passe pela cabeça de todos ao se deparar com a palavra “Hipnose”.

De início, quero deixar claro que o transe hipnótico é algo muito pessoal e singular, e que dificilmente será igual para todos. A Hipnose, por ser inerente e natural do/no ser humano, funciona de acordo com a ipseidade de cada um, logo, o transe hipnótico também é individual e único, (podendo ser diferente conforme se acostuma e pratica).

Vou relatar o transe hipnótico que eu experimento, todos os dias, desde que entendi o que vem a ser o “transe”!

 

O Início

Eu comecei a estudar Hipnose aos 18 anos, e naquela época não havia internet, (entenda-se Google), Orkut, Facebook, Twitter, YouTube e outros locais onde se pudesse colher informações sobre algum termo com a facilidade que essas ferramenta nos proporcionam hoje. Logo, tive que visitar os maiores sebos de São Paulo, (e os menores também), à procura de livros que ensinassem a Hipnose. Aos poucos, consegui juntar um punhado de livros e comecei a estudar com afinco. Assim que me julguei confiante o suficiente para praticar com alguém, não encontrei quem se habilitasse à ser minha “cobaia”. Então decidi praticar comigo mesmo, (Auto-Hipnose), e de início, não observei nada de diferente, até que as sugestões mais simples começaram a se fazer notar. Foi quando eu compreendi que o transe é algo mais simples do que se pensa.

 

Transe

GIF: Mulher em transeMuita gente espera ver fogos de artifício, ver estrelinhas, sair do corpo, apagar, ficar inconsciente ou coisas do gênero, (Isso é mito!), quando na verdade, o transe hipnótico é simplesmente um estado de alta concentração. Todas as vezes que você se concentra em algo com uma intensidade além do normal, além do corriqueiro, produz-se o transe hipnótico. Como exemplo, posso citar o elevador. Sempre que entramos no elevador, apertamos o botão do andar para onde vamos, nos dirigimos para o fundo da cabine e ficamos olhando os números acenderem e apagarem até o nosso andar. Nosso corpo está ali, mas e nossa mente? Geralmente, nessa situação, nossa mente começa a divagar, começa a viajar… pensamos nas contas que não pagamos, pensamos no trabalho da faculdade que está atrasado, pensamos na “morte da bezerra”, mas não pensamos em como o elevador está subindo ou descendo, em como funciona os mecanismos que são necessários para que ele suba e desça. Ou seja, enquanto nossa mente divagou, nossa atenção estava totalmente voltada para além do que e de onde estávamos. Isso é transe! E saímos disso naturalmente com a campainha da porta do elevador se abrindo.

Outro exemplo, é o motorista que, num trajeto relativamente longo e conhecido, dirige do ponto “A” até o ponto “B” e, quando chega em “B”, nota que nem se deu conta de ter dirigido o trajeto. Enquanto ele estava dirigindo, (levando multa pelo caminho [brincadeira]), sua mente estava concentrada no trabalho atrasado, no comportamento do filho, na reforma da casa e etc. E quem dirigiu o carro do ponto “A” até o ponto “B” foi seu subconsciente, (ou inconsciente, como alguns preferem).

Você já foi surpreendido(a) por alguém quando estava lendo um livro, assistindo um filme, ou ainda, ouvindo uma música que gosta muito? Alguém ficou lhe chamando, lhe chamando, até que tocou em você e disse: “Fulano(a), estou falando com você!”. Geralmente as respostas para isso são: “Ah… desculpe, estava viajando!”, ou ainda: “É que eu ‘tô’ concentrado(a) aqui…”. Ou viajou na maionese, viajou na batatinha, estava no mundo da lua… e assim por diante. Tudo isso são formas “tradicionais” de se dizer que estava em transe.

Depois que aprendi que esses estados “normais” são transe, passei a reconhecer de forma mais fácil quando estava em transe hipnótico, então comecei a aplicar sugestões. No início, sugestões simples, e com o tempo, passei a aplicar sugestões mais complexas, como a anestesia hipnótica para tatuagem.

FOTO: Mulher relaxando na gramaPara se conseguir um transe de forma rápida e objetiva, é preciso estar bem disposto, relaxado e numa posição confortável. Com o tempo e a prática, pode-se entrar em transe quando bem entender, em pé, de olhos abertos, andando de bicicleta, na academia, na sala de espera de algum local, no avião, no ônibus, e tudo isso sem que as pessoas percebam, mesmo que estejam conversando contigo.

No transe hipnótico, você se concentra em alguma particularidade exterior e/ou interior. Exterior quando se concentra em uma mancha na parede, no prego que segura o relógio ou quadro, no dedo, olhos, ou na voz do hipnotizador. Interior quando se concentra em uma sensação de calor, (ou qualquer outra que se note no momento), em determinada parte do corpo, ou na sensação do contato com a cadeira, poltrona, cama, ou ainda em algum sentimento prazeroso que esteja sentindo ou que se lembre de ter sentido. (Repito: isso no início; chegará um tempo em que, devido a prática, você poderá entrar em transe em pouquíssimo tempo).

Eu simplesmente me sinto ligado ao todo, ao universo, sentindo paz, tranquilidade e harmonia. Em meu transe, faço sugestões com a voz do meu pensamento, de forma quase instantânea. Como já pratico a Auto-Hipnose há bastante tempo, eu implantei “âncoras”, gatilhos que, ao serem acionados, provocam o efeito desejado. Como exemplo, posso citar uma âncora que criei logo no início, para estudar a própria Hipnose. Quando estava lendo alguma coisa, e queria guardar seu conteúdo, eu simplesmente dizia em minha mente: “esponja”, e fazia minha leitura sabendo que minha mente estava ficando encharcada com o conteúdo da leitura. Outro exemplo que utilizei bastante: na aula de inglês, entre os 10 alunos da minha sala, somente meu irmão e eu nunca havíamos feito aulas de idiomas anteriormente. Então utilizei um gatilho para aprender rapidamente: “reter”, e todo o conteúdo passado pelo professor, escrito ou verbal, ficava retido em minha mente de forma que eu poderia acessá-lo facilmente. (E mesmo hoje, quase quatro anos depois do curso, boa parte do conteúdo permanece acessível, mesmo sem que eu tenha treinado o idioma).

Como disse no início do artigo, cada transe, para cada pessoa é singular. Meu transe é diferente à cada situação em que o utilizo. Local, situação, pessoas ao redor, entre outras coisas, fazem com que o transe seja percebido de forma diferente.

 

E você, já conhece ou reconhece o seu transe hipnótico?

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Artigo atualizado em 19/06/2015.