Dos filmes misteriosos para um consultório bem perto de você, a hipnose cada vez mais se afasta do universo místico para auxiliar as práticas da medicina moderna. Relaxe e leia.
Introdução
Ainda é difícil pensar em hipnose sem imaginar uma atmosfera de magia e mistério. Mas essa ideia está com os dias contados. A hipnose cada vez mais se afasta do universo místico para atuar lado a lado com as modernas práticas médicas. Quem ganha com isso é o paciente: a hipnose não tem contraindicações ou efeitos colaterais e ainda é capaz de abreviar muitos tratamentos.
Ao contrário do que muitos imaginam, quem está sob hipnose não dorme, não perde os sentidos e nem fica à mercê da vontade do hipnotizador. Essa mistificação tem origem ainda nas primeiras civilizações, por volta do ano 3.000 A.C., quando já se conhecia técnicas para alterar os estados da consciência. Durante milênios, os que dominavam a hipnose trabalharam a serviço de práticas obscuras como exorcismo e bruxaria.
A partir do século XIX a hipnose começou a ser estudada cientificamente e até mesmo Freud valeu-se dela para construir suas teorias psicanalíticas. Mas só agora a técnica vem sendo popularizada como prática auxiliar da medicina e incorporada no dia-a-dia dos consultórios. É esse o movimento que se verifica nos países de Primeiro Mundo e que vem sendo assimilado também no Brasil. O Conselho Federal de Medicina já reconheceu a hipnose como ato médico, e a técnica está em vias de regulamentação.
A sensação provocada pelo estado de hipnose é bem primitiva e muito prazerosa
A hipnose vem sendo aplicada no tratamento de uma enorme gama de distúrbios de saúde como estresse, insônia, traumas, enxaqueca, vícios, obesidade, hipertensão, vitiligo e ainda todo tipo de doenças de fundo emocional que resultam em problemas respiratórios, digestivos, cardíacos ou sexuais. Até o hábito de roer unhas, a gagueira ou a incontinência urinária podem ser tratadas a partir da hipnose.
Quem já experimentou garante que é ótimo. A sensação provocada pelo estado de hipnose é bem primitiva e muito prazerosa. O corpo relaxa, o coração bate mais devagar, a respiração se acalma. Uma expressão mais serena e relaxada toma o rosto do paciente e a cabeça pode tombar para trás, para o lado ou para frente, suavemente.
Internamente, uma analogia com a visão de uma estrela através de uma luneta ajuda a entender o que acontece no transe hipnótico. Embora saibamos que existe todo um universo ao redor da estrela que observamos, ele não importa naquele momento, não o vemos. Fixamos nossa atenção apenas na estrela que nos interessa. A estrela, portanto, é a situação a ser tratada na hipnose.
Qualquer pessoa pode aprender em poucas horas a hipnotizar
Durante o transe hipnótico, sob um estado alterado de consciência, o paciente consegue enfocar um problema físico ou emocional que queira tratar. Quando o paciente focaliza o seu passado, pode acontecer a regressão. Com a intervenção de um bom profissional, a hipnose pode ser muito produtiva no sentido de trabalhar traumas da história do paciente que refletem negativamente em sua vida.
Há várias técnicas para levar o paciente ao transe hipnótico, todas muito simples. Qualquer pessoa pode aprender em poucas horas a hipnotizar. O difícil é processar a terapia nesse estado. Administrar a hipnose exige criatividade e atenção completa do terapeuta para que o estado de consciência do paciente seja alterado de modo a acessar seus recursos até então inconscientes. São eles que vão ser utilizados na cura.
Algumas pessoas parecem ser mais sensíveis à hipnose do que as outras e a explicação para o fato pode estar na inteligência. Segundo alguns teóricos e a experiência prática, quanto mais dotado de inteligência o hipnotizado, melhores os resultados.
A utilização da hipnose como anestésico é muito antiga
Quem tem medo de dentista pode ver a hipnose como uma bênção — inclusive para o profissional. Além de acalmar o paciente, a técnica permite que o dentista exerça seu ofício de maneira muito mais tranquila. Ele pode utilizar a hipnose para diminuir a salivação ou para conter hemorragias. Pode também agir como um anestésico, tanto para o tratamento de uma cárie como para a extração de um dente.
Embora soe como novidade, a utilização da hipnose como anestésico é muito antiga. Alguns médicos cirurgiões do século XIX modificavam o estado de consciência de seus pacientes para operar sem dor.
Além dos dentistas, médicos e psicólogos também empregam a hipnose. Para isso, é preciso conhecer as técnicas de indução hipnótica e os processos psicodinâmicos, além da neurofisiologia humana.
Em alguns problemas, como dores e certos distúrbios emocionais, a hipnose por si só pode conseguir os objetivos desejados. Em outros, como nas doenças psicossomáticas, a técnica tem sido utilizada como prática auxiliar de grande valia.
A união da hipnose com a psicanálise tem conquistado bons resultados
A psicóloga Sônia Eustáquia Santos, de Belo Horizonte, vem utilizando a hipnose em vários distúrbios de comportamento através do método ericksoniano de hipnose, vertente criada a partir dos estudos de Milton Erickson, um importante teórico do tema. No ano passado, a psicóloga conseguiu, com a ajuda da hipnose, entre 85 e 93% de sucesso no tratamento de problemas de ordem sexual, como disfunções ejaculatórias e eréteis e distúrbios do desejo e de orgasmo feminino.
Embora sejam técnicas bem distintas, a união da hipnose com a psicanálise tem conquistado bons resultados. Isso acontece porque enquanto a psicanálise trabalha com a consciência em associações livres, com a transferência e análise das transferências como elementos básicos, a hipnose afasta a consciência e atua mais diretamente sobre o inconsciente, fazendo com que este, a seu modo, processe as mudanças utilizando os potenciais positivos do indivíduo.
“Freud acreditava que somente a palavra poderia livrar as pessoas de seus males. Erickson, ao contrário, dizia que o inconsciente entende as metáforas e processa as mudanças, sem necessidade da verbalização. O resultado positivo é o que vale”, afirma Sônia Eustáquia, que é ainda diretora clínica do CEPPA — Centro de Estudos Pesquisa e Psicologia Aplicada em Belo Horizonte.
Crianças pequenas, pessoas com doenças neurológicas ou debilidade mental não devem, a princípio, serem hipnotizadas
Para que a hipnose alcance seus objetivos, é preciso que o paciente esteja implicado no processo, que deseje de fato ser hipnotizado. Assim, crianças pequenas, portadores de algumas doenças neurológicas ou pessoas com debilidade mental não devem, a princípio, serem hipnotizadas. A hipnose também não é indicada em casos graves de depressão, pois os potenciais positivos do indivíduo estão em baixa, em situações assim, o que anula o sentido da técnica.
Prof. Paulo Flores Saicoski
Psicoterapeuta Holístico
REG MEC.4026/92 REG. AEPERS 71/00 CRT. 35928
Licenciado em Filosofia, Psicologia e Sociologia.
Com curso de Parapsicologia, Teologia e Terapia de Regressão.
Santa Maria/RS.
E-mail: psaicoski@yahoo.com.br
Atualizado em 2016/02/22