Introdução
Recentemente, vi uma pergunta no Yahoo! Respostas que me chamou a atenção, e esta pergunta é:
“Devem os cristãos praticarem o hipnotismo?”
Como referência à pergunta, deixaram este link.
Como o espaço para respostas no Yahoo! é limitado, resolvi criar este artigo para adicionar minha resposta completa à esta questão. Abaixo, segue a resposta na íntegra.
“Não confundam ‘A Obra do Mestre Picasso’, com ‘A Pica de Aço do Mestre de Obra’”!
Brincadeiras à parte… (risos).
Desculpem a utilização da frase acima, mas creio que a mesma se aplica muito bem àqueles que citam e se utilizam de Dt 18:10, (“Não permitam que se ache alguém entre vocês […]; que pratique adivinhação, ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria”. — NVI1).
O versículo citado diz respeito à práticas ocultistas e esotéricas. O que não tem nada a ver com Hipnose. A Hipnose é algo natural do ser humano. Em outras palavras, podemos afirmar que o próprio Deus capacitou o homem para cuidar de si próprio, e uma das ferramentas que o Todo Poderoso nos forneceu é a Hipnose. A Bíblia — o manual do ser humano — está cheio de exemplos onde podemos encontrar a Hipnose. A única diferença é que, como o nome, a terminologia (“hipnotismo”, “hipnose” e etc.), só foram criadas recentemente, (em torno de 1841, pelo cirurgião escocês Dr. James Braid), o que encontramos na Bíblia são expressões correspondentes utilizadas na época em que o referido texto foi escrito. Vou citar um exemplo:
Exemplo
Gênesis 2:21 — Palavra chave — Deep Sleep — Tardema — Sono Profundo
“21 And the LORD God caused a deep sleep to fall upon Adam, and he slept: and he took one of his ribs, and closed up the flesh instead thereof;”.
ויפל יהוה אלהים תרדמה על האדם ויישׂן ויקח אחת מצלעתיו ויסגר בשׁר תחתנה
“21 vayyappêlAdonay 'elohiym tardêmâh `al-hâ'âdhâm vayyiyshân vayyiqqach'achath mitsal`othâyv vayyisgor bâsâr tachtennâh”.
Deep sleep (inglês) — Sono profundo;
Tardema (hebraico) — Sono profundo;
Sono profundo (português) — Estado de entorpecimento; Lançar ao profundo sono; Estado de inconsciência e introvisão profética; Sem sentido; Letargia.
No momento da criação, Deus colocou Adão num sono profundo, retirou-lhe uma costela e dela fez a mulher. Tardema é uma palavra hebraica traduzida para o português e inglês como um “sono profundo”. Ao resgatar o sentido exato desta palavra, torna-se visível que trata-se dum estado que a pessoa perde os sentidos (entenda-se “consciência”) por indução de um segundo. E uma das traduções que o Dicionário Internacional do Antigo Testamento apresenta para TARDEMA é LETARGIA. Letargia é sinônimo de transe. Um dos fenômenos mais importantes da hipnose é a analgesia, o que supúnhamos ter ocorrido para Deus retirar a costela de Adão. Teologicamente não convém afirmar que Deus hipnotizou Adão, mas não resta dúvidas a respeito da existência deste fenômeno.
O que se discute aqui não é o poder de Deus, mas o resultado “psicobiofisiológico” que ocorreu em Adão quando Deus o fez dormir.
É tão natural passar pelo processo hipnótico que, (“sabendo ou não”, “gostando ou não”, “aceitando ou não”), todos os seres humanos, (nesta época, na passada e na vindoura), passam por Hipnose no mínimo 3 (três) vezes ao dia, todos os dias de sua vida!
A Hipnose é pura e simplesmente o nome dado, (erroneamente), ao processo de atenção concentrada. Independente do motivo, coisa, objeto, ou circunstância que nos leva à atentar nossa mente em algo, seja ela física ou não, esse processo de prestar atenção é Hipnose. Conhecer os meios e métodos de conseguir essa “atenção concentrada” nos possibilita maior controle sobre situações e coisas que de outra forma também conseguiríamos, mas com maior dificuldade!
Quantas pessoas e/ou indivíduos fazem mal uso, ou uma má interpretação da Bíblia? Agora só porque essas pessoas fazem esse tipo de utilização da Bíblia, Ela deixa de ser a Palavra de Deus? Absolutamente não! Só porque esses indivíduos A utilizam para outros fins devemos “condenar” a Bíblia? Espero que assim como eu, vocês também respondam “NÃO!”.
Creio que devemos antes de tudo deixar de generalizar, pois como bem disse Alexandre Dumas2 :
“Toda generalização é perigosa; inclusive esta!”.
A Hipnose é considerada uma “ferramenta”, e como toda ferramenta, existe uma forma correta de utilizá-la. Se a ferramenta é utilizada de forma indevida, não é ela, (a ferramenta), quem deve ser criticada pela consequência de sua má utilização.
Utilização correta de uma ferramenta:
Digamos que alguém precisa pregar uma parte do guarda-roupas. Esse alguém vai utilizar um martelo e pregos, e a parte que foi pregada voltará a ser utilizada corretamente.
Utilização INcorreta (SIC) de uma ferramenta:
Digamos agora que duas pessoas estão discutindo em uma oficina qualquer. Se uma dessas pessoas se enfurecer, e pegar um martelo para acertar a cabeça da outra pessoa, não podemos imputar a culpa pelo ferimento ao martelo, e sim a pessoa que utilizou de forma errada a ferramenta.
Conclusão:
- A Hipnose não é esoterismo, não é misticismo, não é ocultismo e não é sobrenatural;
- Na Hipnose, você não faz nada que não faria em seu estado “normal”;
- Você não está à mercê do Hipnotizador, ele só facilita o processo. Quem realiza todo o trabalho é a própria pessoa, (o Hipnotizado)!
A Hipnose é um processo interno pertencente ao gênero humano, que é utilizado conscientemente ou não. (Com isso, quero dizer que você utiliza processos hipnóticos mesmo não sabendo que aquilo é Hipnose).
- Um(a) pai/mãe que balança o bebê no colo durante a noite para que ele durma, está hipnotizando o filho! (Nem por isso está amaldiçoando a criança). O ato de balançar o bebê faz com que o centro de gravidade do mesmo seja afetado. E isso “incomoda” o bebê de tal forma, que para “se proteger”, ele dorme!
- Uma pessoa que fica concentrada na leitura de um livro, pode não perceber a entrada de outra pessoa no recinto onde se encontra. (Pois está tão concentrada, ou seja, hipnotizada, que aquela pessoa entrando no recinto é bloqueada pelo seu próprio cérebro, pois não representa “importância” maior que a leitura).
- Quando estamos sozinhos num elevador, apertamos o botão do andar para onde vamos e, nesse momento, ao se fechar a porta, começamos a pensar em qualquer outra coisa, (contas à pagar, prova(s) da faculdade, um cheque que voltou e etc.), e esse pensamento, essa atenção que utilizamos ao pensar só será interrompida pelo som característico da campainha da porta ao se abrir.
- A pessoa que está apaixonada vive pensando no objeto de sua paixão. Costumamos dizer que essa pessoa está no “mundo da lua”. Este ato de ficar pensando no objeto da sua paixão é uma super concentração da sua atenção, ou seja, Hipnose!
Downloads
Para que vocês mesmos possam tirar suas próprias conclusões, deixo abaixo 2 (dois) links para consulta. Nestes links, vocês farão o download de dois documentos (em PDF) que, espero, possam esclarecer ainda mais esta questão.
Espero ter ajudado a sanar a(s) dúvida(s) de vocês. Caso ainda possua alguma, deixe um comentário logo abaixo, ou entre em contato por e-mail que terei o maior prazer em responder!
Para conhecer algumas das utilidades da Hipnose, clique aqui!
Grande abraço.
Notas:
1 Percebam que nas palavras onde se encontram os sublinhados pontilhados, o ponteiro do mouse muda para uma seta com interrogação, (assim) o que significa que há informações que serão exibidas ao deixar o ponteiro do mouse sobre esta palavra. ^
2 Alexandre Dumas, autor de várias novelas, peças de teatro e romances, e entre eles, “O Conde de Monte Cristo”, o qual tem como personagem secundário o Abade Faria, figura importantíssima na história da Hipnose (na época chamada de “Magnetismo Animal”). Faria foi o primeiro a afirmar que no magnetismo animal, (hipnose), não existem “fluídos” e etc. como se afirmavam anteriormente; antes, o sucesso é obtido devido à sugestão, pura e simplesmente. ^
Atualizado em 2015/10/28